A Cor e o Olho Humano

Essay by rnloucaoUniversity, Ph.D. February 2010

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A cor e o olho humanoO olho é um órgão altamente especializado na foto recepção, que é o processo pelo qual a energia emitida pelo meio (luz) produz alterações em células específicas existentes na retina – os cones e os bastonetes. (Atchison & Smith, 2000; Dudgeon, 2008)Estas alterações resultam na potenciação de acções nervosas ou estímulos nervosos que são subsequentemente passados para o nervo óptico e daí para o cérebro, no qual essa informação é processada e conscienciosamente escrutinada resultando no fenómeno que conhecemos simplesmente como visão.

Todas as outras estruturas presentes no olho são secundárias a este processo fisiológico básico, embora possam ser parte integrante e necessária do processo utilizado para focar a informação visual e transmitir luz para a retina. Disso são exemplos a córnea, a lente, a íris. Por outro lado, há componentes indispensáveis ao suporte e nutrição dos tecidos oculares, que no fundo dão a estrutura ao corpo do olho propriamente dito.

O olho tem a forma aproximada de uma esfera com cerca de 2.5 cm de diâmetro e com um volume de 6.5 ml. No entanto, na realidade, o olho é formado por duas esferas secantes. Uma, mais pequena, na parte anterior do olho, a córnea, tem uma maior curvatura que a outra, maior, a esclera. A relação entre as duas é de um sexto para cinco sextos, sendo a córnea 1/6 da esfera total do globo ocular enquanto a esclera constitui os restantes 5/6.

A córnea e a esclera formam, juntas, uma estrutura fibrosa e forte que envolve e protege todo o globo ocular. Esta cobertura fibrosa também constitui um suporte estrutural essencial para o conteúdo intra-ocular bem como proporciona a zona de acoplagem dos músculos extra oculares.

O posicionamento do olho na estrutura craniana é anterior, relativamente à órbita, mais perto da lateral que do centro do crânio, e mais perto da parede superior que da inferior.

O olho é constituído por três camadas básicas também nomeadas de túnicas. Estas camadas são respectivamente – de fora para dentro – a camada fibrosa (corneoscleral), a uvea, e a camada neural constituída pela retina.

Para o objecto em estudo, a parte do olho que maior interesse suscita é a sua camada mais interior.

A retina (ou camada neural – a camada mais interior, como referido anteriormente) é no sistema óptico do olho a responsável pela conversão da informação relevante da imagem do meio exterior em impulsos nervosos que são transmitidos para o cérebro para descodificação e análise. A retina, em si, é constituída por duas camadas, a inner neurosensory retina (INR) - retina neurossensorial interior - e a retinal pigment epithelium (RPE) - epitélio pigmentar da retina. (Atchison, 2000)Na retina neurossensorial interior encontra-se uma ligeira depressão, perto do disco óptico, que se chama fovea, aí vamos encontrar a quase totalidade dos cones, as células específicas utilizadas para a captação da cor. Toda a retina é recamada de células especializadas em reacções fotossensíveis. Com esta particularidade vamos ter dois tipos de células especificamente, os acima referidos cones e os, igualmente importantes, bastonetes.

Os bastonetes são, conforme o nome indica, células de aparência tubular, relativamente compridas (100-120µm) e encontram-se espalhados por toda a superfície da retina (com excepção da fovea) sendo os responsáveis pela captação da luminosidade, o contraste, as sombras e a noção espacial.

Os cones, devem o nome também à sua forma, são relativamente mais pequenos (menos compridos) que os bastonetes (60-75µm) encontram-se localizados, na sua quase totalidade na fovea e são as células especializadas na captação da cor.

Na maioria dos animais diurnos existem dois tipos específicos de cones, os que decifram os comprimentos de onda longos e os que decifram os curtos. No entanto os primatas “primordiais”, macacos e humanos desenvolveram um terceiro tipo de cones, os médios. (Halverson, 1992)Há três tipos de cones no olho humano, que respondem a comprimentos de onda diferentes, respectivamente ao comprimento de onda longo, médio e curto: vermelho e laranja, verde e amarelo e azul e violeta. O primeiro tipo é denominado R (red), o segundo G (green) e o último B (blue).

Figura 1 - esquema representativo dos cones e bastonetes no olho. in www.lightemittingdiodes.orgLegenda da imagem:a) Luz; b) Membrana interna; c) Camada de fibra nervosa; d) Tecido nervoso; e) Receptores luminosos; f) Cone verde; g) Cone vermelho; h) Bastonete; i) Cone azulFigura 2 – Esquema do olho, legenda em inglês – optic nerve: nervo óptico; vitreous gel: humor vítreo; pupil: pupila; lens: lente – in www.afb.orgComo vemos a CorOs olhos são órgãos essenciais na percepção do meio. A visão dá-nos 80% da informação que recebemos do meio. (Manhke, 1996)Na generalidade o ser humano tem dois olhos funcionais situados no quadrante superior da face com orientação frontal (esta orientação é comum aos predadores, os herbívoros, por exemplos, possuem os olhos com orientação lateral para poderem abranger uma maior área), orientação essa que é responsável pela nossa visão tridimensional e noção de distâncias (a sobreposição dos campos de visão permitem uma maior percepção do posicionamento espacial dos elementos presentes no campo de visão).

Figura 3 - Representação gráfica dos comprimentos de onda das diferentes cores do arco-íris para mais fácil percepção. in Light and ColorUma fonte de luz pode ser caracterizada pela quantidade de luz emitida em cada parte do espectro. Quando a luz é transmitida através de um material ou quando é reflectida de uma superfície, a natureza selectiva da transmissão ou da reflexão determina o tipo de luz que é recebido pelo olho. (Tilley, 2000)Para além disto, a cor percebida depende, é claro, do aparelho visual do individuo que a percebe. (Atchison, 2000; Dudgeon, 2008; Padgham, 1975)O olho humano é insensível à energia radiante (luz) na região ultravioleta do espectro, em comprimentos de onda inferiores aos 350nm. A partir deste comprimento de onda o olho começa e ser cada vez mais sensível à luz chegando a um máximo de comprimento de onda de 555nm, chegando assim à zona vermelha do espectro, que se estende até aos 700nm, para além da qual se torna, uma vez mais, insensível. (Nassau, 1998)O olho é um órgão receptor e comunicador de estímulos luminosos. Receptor na medida em recebe do meio a informação visual e emissor na medida em que não descodifica nada por si (antes traduz a informação captada para estímulos neurológicos - sob a forma de impulsos electromagnéticos) e envia-a para o cérebro, onde será recebida, analisada e processada.

O olho é um órgão extremamente complexo, e é composto por várias partes, cada uma com um papel específico e insubstituível na apreensão da realidade. (para referência ver figura 1, pág. 4)As imagens entram no olho por intermédio de impulsos luminosos pela pupila; mediante a quantidade de luz a íris abre ou fecha (menos luz – maior abertura, muita luz – menor abertura) funcionando exactamente como o diafragma de uma máquina fotográfica; as imagens passam pela lente e são projectadas (invertidas – de cabeça para baixo) na retina; nesta área do olho a informação é codificada, passa de luz (fotões) para impulsos químicos e mensagens neurológicas e é, finalmente, transmitido para o cérebro.

Na retina vão estar presentes dois tipos de formações orgânicas, os cones e os bastonetes, que serão os principais responsáveis pela percepção da cor. (para referência ver figura 1, pág. 3)Por toda a retina podemos encontrar estes dois tipos de elementos, com excepção do centro da retina (uma área a que se dá o nome de fovea) na qual se encontram exclusivamente cones. (Atchison, 2000; Dudgeon, 2008)Os cones são responsáveis pela percepção da cor, enquanto os bastonetes são pela percepção da luminosidade (claro escuro, sombras, etc. - embora não funcionem com demasiada luz, ou luz demasiado clara).

Os bastonetes são extremamente sensíveis à luminosidade, no fundo à radiação luminosa, a luz é um tipo de radiação - radiação é uma energia emitida por uma determinada fonte, no caso da luz, do sol ou de uma lâmpada, por exemplo - a sensibilidade à luminosidade por parte destas células especializadas, leva a que sejam particularmente sensíveis não só à luz mas também à sua ausência.

Assim, são os principais responsáveis pela percepção das distâncias, do volume, da luz e da sombra.

A luz viaja pelo espaço em ondas. No entanto, embora viaje em ondas, a sua direcção é sempre em linha recta, desse modo viaja em linha até que encontra um obstáculo. Sempre que temos um obstáculo em frente a uma fonte de luz temos um fenómeno que vamos chamar de sombra.

Existem dois tipos de sombras: o primeiro chama-se umbra e obtém se quando estamos a lidar com um objecto relativamente próximo do observador, e que bloqueia por completo a luz, produzindo uma sombra quase negra e de fronteiras bem definidas. O segundo chama-se penumbra e é caracterizado por uma sombra bastante menos definida, menos negra, quase difusa. (Nassau, 1996; Tilley, 2000)Os bastonetes são responsáveis pela nossa visão nocturna, embora não tenhamos essa percepção, os nossos olhos são bastante sensíveis à noite, em condições quase limite (claro que não vemos no escuro absoluto – mas de resto nenhum animal também o consegue) conseguimos deslocar-nos sem embater contra obstáculos, conseguimos perceber movimento, e a nossa visão periférica torna-se mais sensível. Esta sensibilidade advém do facto de não haver distracção dos cones, que são inoperativos abaixo de uma determinado grau de luminosidade. Por outro lado desenvolvemos uma quase “cegueira” frontal, devido à área em que se encontram aglomerados os cones ser a zona central/frontal da retina.

Os cones dividem-se em três tipos, relativamente à sua capacidade de ver a cor. Como estamos a lidar com cor aditiva (cor luz), temos cones que captam o azul, outros o verde e finalmente uns terceiros que captam o vermelho.

Note-se que outras espécies de animais possuem quatro cones, como muitas aves, marsupiais e insectos, o que lhes possibilita ver frequências de cor que são invisíveis ao olho humano, na gama dos ultravioletas.

A maneira como vemos a cor é eminentemente equivalente à definição de cor aditiva.

A cor aditiva é a cor luz, ou seja a luz incide nos objectos e só parte do seu espectro volta a ser reflectida. Essa parte é captada e registada como tal.

Como vimos anteriormente a percepção da cor é feita de modo intra-ocular, por um conjunto de formações orgânicas de nome cones, que devido à sua especificidade vão descodificar o espectro decompondo a imagem ou imagens captadas nas suas três cores básicas: RGB.

Podemos assim dizer a percepção visual da cor assenta no facto da luz sofrer uma dupla refracção no processo visual. Em primeiro lugar, só parte do espectro é reflectido por qualquer objecto colorido (com excepção dos objectos brancos) e ainda assim, essa parte será dividida ao nível do olho e reduzida a percentagens de cada um dos seus constituintes base. (Gerritsen, 1983)Todo o processo visual é comunicado ao cérebro, directamente à região límbica em concreto ao hipocampo. Esta região do cérebro é particularmente versada na memória, é portanto, licito de afirmar que, em grande parte vemos com as memórias que possuímos. (Mahnke, 1987)Deficiências oculares e a sua influênciaO olho, como qualquer parte do corpo humano está sujeito a doenças, desgaste e ou defeitos congénitos ou adquiridos. Todas estas condições contribuem para uma percepção visual defeituosa ou insuficiente, o que pode não estar directamente ligado com a percepção das cores mas em todo o caso tem de ser considerada como factor de “ruído” no processo de comunicação.

O Daltonismo, ou visão cromática defeituosa, caracterizado por uma insuficiência no funcionamento dos cones, é uma condição do olho que tem como resultado uma pessoa não ser capaz de distinguir certas cores ou tons de cores. O termo visão cromática defeituosa é mais rigoroso cientificamente, o nome daltonismo advém do nome Dalton, cientista britânico que foi o primeiro a descrever esta condição de insuficiência na percepção visual. Ele próprio sofria desta condição. (Jennings, 2009)Daltonismo não significa que uma pessoa só vê a preto e branco. Uma pessoa com daltonismo é capaz de ver cores diferentes, porém ela não é capaz de ver algumas cores devido a deficiências nos olhos. O daltonismo é uma condição hereditária, mas também pode ser causada por doenças oftalmológicas, lesões na retina, e envelhecimento, ou quando a lente é escurecida ao longo do tempo devido a uma catarata. Embora não haja uma forma absoluta de tratamento para a cegueira cromática hereditária, existem métodos, técnicas, e óculos especiais que podem ajudar as pessoas com daltonismo a diferenciar as cores, mas não a vê-las verdadeiramente. (Jeffries, 2008)A retina contém cones e bastonetes que nos ajudam a ver objectos a diferentes cores e com diferentes graus de luminosidade. Os cones são fotorreceptores que nos permitem distinguir entre várias cores e diferentes tonalidades dessas mesmas cores. Os cones contêm pigmentos sensíveis à luz que são particulares a uma gama específica de comprimentos de onda.

Existem três tipos diferentes de cones uns sensíveis ao espectro lumínico correspondente às ondas curtas, ou à cor azul, outros sensíveis às ondas médias, ou à cor verde, e finalmente os outros sensíveis às ondas maiores, ou a cor vermelha. Quando há carências nos cones, quer à nascença ou adquiridas através de outras formas, os receptores neurais não são capazes de distinguir nas ondas do espectro as particularidades relativas aos cones que se encontram danificados ou não funcionais, portanto, o intervalo de cor é visto de maneira diferente. Faltando os cones responsáveis por decifrar os tons verde e vermelho a sensibilidade à luminosidade também pode ser afectada. O daltonismo é hereditário e, portanto, geralmente é transferido na gestação. Embora o organismo se vá adaptando às carências que tem ao nível dos vários sentidos, seria de pressupor que o nível de daltonismo também viesse a ser debelado ao longo do tempo de vida. No entanto para este caso específico de visão anómala, o cérebro não consegue compensar, não consegue replicar algo que nunca experimentou. Danos na retina causados por doenças ou danos físicos também podem levar ao daltonismo. (Atchinson, 2000; Jeffries, 2008; Jennings, 2009)Tipos de daltonismoTricromacia Anómala - Uma ligeira mudança na sensibilidade dos pigmentos dos cones.

Protanopia – A capacidade de distinguir tons de vermelho é muito reduzida, se presente de todo, principalmente na visão em profundidade ou em meios de muita claridade.

Deuteranopia - A capacidade de distinguir tons de verde é muito reduzida, ou puramente inexistente, principalmente na visão ao longe ou em meios de muita claridade.

Tritanopia - É um caso muito raro em que a capacidade de distinguir tons de azul é muito reduzida, ou totalmente ausente, principalmente na visão à distância ou em meios de muita luminosidade.

Dicromacia - Grandes deficiências ou ausência completa de um dos tipos de cones.

Testes de daltonismoExistem alguns métodos para testar o daltonismo. O mais usado é o teste de Ishihara. (Colblindor, 2007)Este ensaio é composto por placas que contêm um círculo preenchido com bolhas nas tonalidades das cores que pretendem ser testadas. Neste círculo estão desenhados certos números formados nas bolhas de cor. Pessoas com determinada deficiência de visão cromática não serão capazes de distinguir esses números. Se tiver dificuldade em distinguir o(s) número(s) nalguma das imagens abaixo, ou se não conseguir vê-los de todo, então poderá ter algum grau de daltonismo.

Figura 4 – Testes de Ishihara, existem diferentes testes para cada tipo de daltonismo. in www.archimedes-lab.org/colorblindnesstest.htmlEm 1918, um médico Japonês, Dr. Shinobu Ishihara desenvolveu os The Ishihara Color Vision Charts, pelos quais ficou conhecido mundialmente. Esta publicação e os seus testes continuam a ser utilizados hoje em dia para determinar os diferentes tipos de deficiências ao nível da percepção cromática. (Sarcone, 2006)A maior parte dos casos de daltonismo é de origem genética. Não existe tratamento, mas a maioria das pessoas ajusta-se à condição de daltónico e não deixa que essa condição limite as suas actividades. Estima-se que muitas pessoas, possam não saber que são daltónicas - isto deve acontecer cada vez menos visto que as exigências cromáticas a que estamos todos sujeitos diariamente são por demais incontornáveis. O maior impedimento legal seria na licença de condução, no entanto não existe nenhum teste de aferição de acuidade visual requerido para a emissão da mesma. Assim decorando as formas e ou o posicionamento (das luzes) um daltónico poderá conseguir conduzir sem nunca se saber que padece de uma visão cromática defeituosa.

A luz intensa a que são expostos os soldadores (por exemplo, ou qualquer outra profissão que lide com fontes lumínicas muito intensas) pode causar daltonismo vermelho-verde, de acordo com vários relatórios médicos e completamente documentada.

“Dois pacientes tinham perdido a capacidade de diferenciar entre vermelho e verde, após terem sido expostos a um intenso arco de luz, o brilho luminoso criado durante alguns tipos de soldagem, ou quando vemos uma faísca eléctrica entre dois circuitos. (…) Conclui-se que as pessoas que trabalham nas mesmas condições podem sofrer danos semelhantes aos seus olhos.” (Mazzocco, Md in New York Times 1982).

No entanto não são somente as deficiências causadas por uma visão cromática defeituosa que podem influenciar negativamente a nossa percepção visual. São variadas as afecções do foro ocular que de um ou de outro modo vão interferir na maneira como vemos a realidade.

De entre muitas destacam-se, pela sua predominância generalizada:•Astigmatismo•A Miopia•A Hipermetropia (Atchison, 2000; Dudgeon, 2008)AstigmatismoO Astigmatismo é um erro refractivo, as pessoas com esta doença são incapazes de ver claramente objectos (principalmente) ao perto. Astigmatismo pode ocorrer em diferentes graus em cada olho e pode acompanhar a miopia ou hipermetropia. Um grau menor de astigmatismo geralmente não é perceptível ou aparecerá como um ligeiro desfocar dos objectos ao perto mas um grande grau de astigmatismo causa visão desfocada para objectos a qualquer distância.

Figura 5 – No exemplo da esquerda podemos ver o olho normal, as curvaturas oculars são proporcionais, logo a imagem vê-se de forma real; no exemplo da direita vemos o olho cujas curvaturas não são proporcionais, logo a imagem aparece distorcida. in www.upoopptCausas do astigmatismoO Astigmatismo é causado por uma forma irregular da córnea. No astigmatismo, a córnea é mais ovalada como a forma de uma bola de rugby, sendo desse modo diferente do que seria normal em que a córnea deve ser redonda como uma bola de futebol. Esta forma irregular provoca duas imagens no ponto de focagem. Uma ligeira quantidade de astigmatismo é normal em muitas pessoas e não exige correcção. O astigmatismo é geralmente congénito e encontra-se presente desde o nascimento, esta condição geralmente piora à medida que idade avança.

MiopiaA miopia é um erro refractivo com o qual se deparam muitas pessoas. Não é uma doença, mas sim uma condição causada pela forma irregular do olho. As pessoas com miopia são capazes de ver os objectos ao perto, mas os objectos que se encontrem à distância parecem desfocados. Existem várias maneiras de lidar com a miopia, incluindo óculos, lentes de contacto e cirurgia.

Figura 6 – Esquema exemplificativo do olho míope. in www.upoop.ptCausas da MiopiaA Miopia ocorre porque o globo ocular é mais longo que o normal. Isso faz com que a imagem seja formada à frente da retina e não sobre ela. A Miopia é normalmente uma condição hereditária - visto que se verifica devido a um constrangimento físico - que é detectado durante a infância e continua a agravar-se até que finalmente estabiliza, geralmente na fase adulta, só após a estabilização é que a cirurgia correctiva é eficaz.

Hipermetropia e presbiopiaA Hipermetropia é um erro refractivo com o qual as pessoas são capazes de ver objectos distantes, mas os objectos vistos ao perto parecem desfocados. A presbiopia traduz-se na mesma dificuldade de focar os objectos ao perto, mas as causas são diferentes. Também chamada a doença dos quarenta anos, a presbiopia deve-se ao envelhecimento da córnea que deixa de ter a capacidade de focagem imediata.

A hipermetropia é, em absoluto, o contrário da miopia, também é originada por uma questão física - o olho é mais curto. Como na miopia, a imagem não se forma na retina, mas sim depois da retina. As pessoas com hipermetropia tendem a ter dores de cabeça derivados de problemas com a leitura, ou a partir de fadiga ocular resultante do esforço de focalizar objectos ao perto. Existem diversos tratamentos para a hipermetropia incluindo óculos, lentes de contacto, e cirurgia ocular.

Figura 7 – Esquema exemplificativo do olho hipermétrope. in www.upoop.ptCausas da HipermetropiaHipermetropia ocorre porque o globo ocular é mais curto que o habitual. Isso faz com que a imagem de foco se reproduza atrás da retina e não sobre ela. Geralmente, como a miopia, é uma condição congénita. Pessoas com hipermetropia podem ver objectos distantes com alguma facilidade, mas a realização de tarefas como leitura, costura, ou trabalho no computador podem-se tornar difíceis.

ConclusõesComo pode ser verificado, ao longo deste capítulo, a cor é um fenómeno físico. O espectro visível é reduzido, relativamente a toda a dimensão do espectro, mas a parte que conseguimos ver permite-nos perceber um número aproximado a dezasseis milhões de cores.

Ao longo dos tempos, a curiosidade e a necessidade têm levado o Homem a elaborar e produzir explicações várias para a cor. Percebemos que o espectro da luz é transformado, não só pelos objectos, que absorvem determinadas frequências, ao mesmo tempo que reflectem as demais - processo que permite o aparecimento da cor nos objectos - mas também pelo nosso aparelho visual.

Temos a vantagem evolutiva de os nossos olhos estarem equipados com três tipos diferentes de células especializadas na percepção e descodificação das cores (uma para cada uma das cores básicas RGB) e esse facto permite-nos ver o mundo de uma maneira mais colorida. Atente-se que não se pode dizer que vemos o mundo, a realidade, como ela é, não existe uma realidade definitiva, o que é verdade para nós não o é para outros seres.

As abelhas e outros insectos, por exemplo, conseguem ver para além do ultra violeta, o que lhes dá vantagem na identificação de espécies de plantas específicas.

Mesmo nós, os humanos, não vemos todos da mesma forma. Alguns têm uma maior acuidade visual que outros, o daltonismo e outras condições de distúrbio visual podem resultar numa percepção diferente do meio.

Muitos cientistas evolucionistas, tanto biólogos como antropólogos, defendem que a principal vantagem competitiva que levou os primatas a evoluir, e conquistar a hierarquia animal, foi o polegar sobreponente, que desde o princípio da evolução permitiu aos nossos antepassados realizarem tarefas complexas e construírem e utilizarem ferramentas. (DePryck, 1993; Kurzweil, 2005)"Human-like creatures - which were already using their hands to manipulate tools and carry objects, the result of previous sequences of anatomical changes such as the development of the opposable thumb(...) - developed the ability to produce a wider range of distinct features that in turn facilitated the development of speech." (DePryck, 1993)Este facto pode ser facilmente comprovado por achados arqueológicos de esqueletos, no entanto ficará sempre a incógnita, relativamente ao nosso sistema visual. É um facto que a habilidade é essencial, mas não menos importante é a capacidade de distinguir, com a maior acuidade possível, todos os impulsos e estímulos visuais do meio. Seja a capacidade de avistar atempadamente um predador, seja a possibilidade de melhor distinguir os alimentos em melhor estado, em termos absolutos, de capacidade de sobrevivência e de vantagem competitiva, é difícil classificar a importância que tal facto teve na evolução da espécie.

Pode-se defender que outros animais com essas capacidades não conseguiram evoluir da mesma maneira que nós, se, no entanto, virmos de que animais se tratam, vemos que são principalmente as aves e os insectos que possuem a mesma ou maior capacidade visual que os primatas superiores. Assim sendo entramos num domínio de porte, mais do que de capacidade de realização de tarefas complexas.

Embora possamos reduzir a cor a medições e fórmulas, a diagramas e sistemas, a capacidades sensoriais standard e capacidades diferentes, não é possível fazer uma leitura meramente física do que é a cor.

Qualquer abordagem nesse sentido seria, no mínimo, redutora e desprovida da capacidade critica necessária, para o desenvolvimento eficaz de um trabalho de investigação deste teor.

Deste modo é necessário contemplar todos os cenários possíveis e não somente a caracterização física da cor.

Referências:ATCHISON, D. A.; SMITH, G. - Optics of the human eye. EUA: Elsevier Health Sciences. 2000. 269p. ISBN 0750637757, 9780750637756Colbindor (2007) Color Blindness Test - Ishihara Plates. [Em linha]. [Consult. 2 Maio 2009]. Disponível em WWW: URL:> http://www.colblindor.com/2007/02/15/ishihara-plates-color-blindness-test-in-a-leaflet/DEPRYCK, K. - Knowledge, evolution, and paradox: the ontology of language. EUA: SUNY Press. 1993. 184p. ISBN 0791415333, 9780791415337DUDGEON, R. E. - The Human Eye: Its Optical Construction Popularly Explained. EUA: BiblioBazaar, LLC. 2008. 108p. ISBN 0554537036, 9780554537030GERRITSEN, F. J. - Theory and practice of color: a color theory based on laws of perception. 2ª ed. NovaYork: Van Nostrand Reinhold. 1983. 179p. ISBN 0442226454, 9780442226459HALVERSON, J. - The first pictures: perceptual foundations of Paleolithic art. Perception. ISSN 0140525X. Vol. 21 Nº3 (1992), p.389 – 404JEFFRIES, B. J. - Color-Blindness; Its Dangers and Its Detection. EUA: BiblioBazaar, LLC. 2008. 336p. ISBN 0559355254, 9780559355257JENNINGS, J. E. - Color-Vision and Color-Blindness: A Practical Manual for Railroad Surgeons. EUA: BiblioBazaar, LLC. 2009. 132p. ISBN 1110818246, 9781110818242KURZWEIL, R. - The singularity is near: when humans transcend biology. EUA: Viking. 2005. 652p. ISBN 0670033847, 9780670033843MAHNKE, F. - Color and light in man-made environements. EUA: Van Nostrand Reinhold. 1987. 140p. ISBN 0442260806, 9780442260804MAHNKE, F. - Color, Environement and Human Response. EUA: John Wiley & Sons, Inc. 1996. 234p. ISBN 0471286672, 9780471286677NASSAU, K. - Color for science, art and technology. EUA: Elsevier. 1998. 491p. ISBN 0444898468, 9780444898463PADGHAM, C. A. & SAUNDERS., J. E. - The perception of light and colour. Nova York, EUA: Academic Press. 1975. 192p. ISBN 0125436505, 9780125436502TILLEY, R. - Colour and the optical properties of materials: an exploration of the relationship between light, the optical properties of materials and colour. Nova York, EUA: John Wiley & Sons. 2000. 348p. ISBN 0471851973, 9780471851974